Poluição em São Paulo. Manhã de 23 de agosto de 2010. (Foto: Outras Vias)
No momento em que escrevo este texto são 14h38. Olho para o céu e não vejo nenhuma nuvem. O tempo seco incomoda meu nariz e minha garganta. A situação deve ser parecida para a maioria dos brasileiros, hoje. Mas, em alguns lugares, é ainda pior: altos índices de poluição, queimadas, internações... Tudo por causa da baixa umidade do ar, que afeta a nossa saúde e o nosso ambiente.
Segundo a Folha.com (via AmbienteBrasil), o INPE diz que até meados de setembro não há previsão de chuva. Enquanto isso, os focos de incêndio se espalham pelo país – já aumentaram 85%, de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período no ano passado. Em algumas regiões, como no Mato Grosso, casas foram destruídas pelo fogo e a população sofre com queimaduras e intoxicação provocada pela fumaça. Outras cidades sofrem com dificuldades no abastecimento de água.
Nas metrópoles, o problema é outro: a poluição piora ainda mais a qualidade do ar. A falta de chuvas dificulta a dispersão dos poluentes. Em São Paulo, a umidade do ar chegou a bater o recorde de 15% e a Defesa Civil colocou a cidade em estado de alerta várias vezes, conta o G1. De maio a agosto, o SUS (Sistema Único de Saúde) registrou aumento de 45% de internações por doenças respiratórias, diz o portal Terra (via O Eco Cidades). O maior culpado por esta poluição são os carros: 90% dos poluentes gasosos são emitidos por eles, de acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), segundo o site !sso não é normal.
A ciência ajuda a medir as consequências. O mesmo site fala sobre um estudo da Universidade de São Paulo (USP) que prevê o número de internações por problemas respiratórios com até quatro dias de antecedência, analisando clima, impacto à saúde pública e poluição. Também mostra o cálculo de uma professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), de que a qualidade do ar reduziu a expectativa de vida do paulistano em um ano e meio, em média. Isso equivale a fumar quatro cigarros por dia e causa um prejuízo anual de cerca de R$ 400 milhões. Outro estudo da USP, divulgado no Estadão, revela que os poluentes dos automóveis estão aumentando o risco de crianças e adolescentes ficarem doentes.
Um dos grandes vilões da baixa qualidade do ar é o excesso de ozônio, fenômeno comum em regiões com muitos carros, afirmou a Cetesb ao R7 (via A Vida Como A Vida Quer). Mas o gás não fica limitado às vias com movimentação de automóveis: o vento leva a massa de ozônio mesmo para lugares com mais verde e onde o ar deveria ser mais puro, como parques. Segundo o Terramérica (via Problemas da Terra), o ozônio não é liberado pelos automóveis, mas é produzido por reações químicas que envolvem os gases automotivos e causa danos ao aparelho respiratório, podendo até levar ao câncer de pulmão. O período em que o ozônio mais ataca São Paulo, ainda segundo a Cetesb, é de setembro a fevereiro ou março.
E como cuidar da saúde para combater os efeitos do tempo seco? Quem dá a dica também é o blog A Vida Como A Vida Quer: beber água para manter as mucosas hidratadas, fazer compressas com água boricada ou gelada se tiver problemas nos olhos, deixar uma bacia com água ou toalha úmida no quarto na hora de dormir e não tomar banhos quentes, para evitar o ressecamento da pele. O melhor é que os conselhos são sustentáveis.
Se todos deixassem o carro em casa, também ajudaria muito. O Dia Mundial sem Carro, que já está chegando, poderia ser um incentivo. Mas isso é assunto para outro post...