segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Obituario

Nascida em 1993, filha de Sueli Marques Corrêa e Bento Farias Corrêa.
Viveu e cresceu em Jaguaruna cidade pela qual sempre foi apaixonada ( nem tão apaixonada assim).
Teve grandes amores, paixões ardentes, momentos inesqueciveis e esqueciveis.
Casou-se em 2027 e teve um filho em 2029.
Serviu a marinha em 2029 e viu a vida por um buraco de um convés.
Trabalhou 17 anos respirando na sala de máquinas de um navio, até que desistiu, seu pulmão desistiu.
Virou desocupada em 2049, e passou a morar no subsolo de uma biblioteca, onde leu vários livros até ser dedurada por uma aluna da faculdade.
Foi julgada no tribunal por estar bêbada e invasão de propriedade, não foi presa por nenhuma, apenas pagou uma multa por desacato a autoridade.
A mesma que a dedurou ofereceu uma Van em frente a sua casa como novo lar.
Se tornaram ótimas amigas e com o tempo passou a morar com quatro jovens e ganhou seu próprio quarto.
Fez tumulto na faculdade como visitante, e leu livros no primeiro andar da biblioteca onde a iluminação era bem melhor.
Viu o filho pela primeira e última vez no natal de 2050.
E bateu as botas numa quarta feira deixando sua única familia.
Raphael: que sempre lembra de fechar as torneiras.
Filipe: que sabe usar as palavras.
Luany: que sabe amar.
Ian: que vai se formar com mérito.

Eis o fim prosáico de um espermatozóide que há 57 anos penetrou num óvulo,
iniciou seu ciclo evulutivo e acabou virando carniça.